Filhoses
Depois de termos acendido o forno das memórias, em que pela chaminé saiu um fumo intenso de recordações. De termos aquecido a alma com o calor do pão e do bolo de milho acabados de sair do forno, de termos adoçado as memórias com os arrepiados e as bolachas caseiras, com o seu característico cheiro a amoníaco e de com os bolos torrados ou papias termos lembrado daqueles que gostavam deles com funcho e dos que gostavam com pé de torresmo. Hoje fomos ao louceiro da Avó buscar o prato das filhoses... por estes dias se as galinhas estavam a por faziam se filhoses, se não faziam se coscorões. Num tempo sem pressas, anunciava se a iguaria que tinha sido amassada pela manhã, mas que só por meia tarde se iria puder provar. Depois do almoço, rumava se a casa da Avó, para apreciar o ritual de retirar generoso pedaços de massa leveda e quase como se fosse uma dança, moldar as filhoses, que eram colocadas uma vez mais a descansar em cima da mesa. No entre meio falava se dos assaltos de Carnaval