Fofas do Faial

Nas últimas quatro quintas-feiras celebraram-se Amigos, Amigas, Comadres e Comadres. Estas quatro quintas-feiras culminam com o Carnaval, é a época festiva que celebra o “adeus à carne”. Uma época de folias e excessos, a que se segue a quarta-feira de cinzas e a quaresma, um período de reflexão, abstinência e jejuns. Como em todas as tradições, também o Carnaval tem sofrido mudanças e as pessoas têm se tornado mais caseiras, tornando as folias de Carnaval pobres em gente. Lembro-me do Carnaval começar algumas semanas antes com a confeção das fantasias e com os assaltos, festas organizadas por instituições e particulares, que se esmeravam na decoração do espaço e propiciavam o convívio. Na minha freguesia os assaltos eram animados com baile ao som de gira-discos ou de conjunto musical parando à meia noite para assaltar a mesa onde estavam os petiscos que cada um trazia para partilhar. Eram dias em que se acabava quase sempre por trocar algumas receitas quando aparecia um petisco diferente ou uma receita já conhecida mas que estava confecionada na perfeição.  

Não faltavam, nem faltam à mesa nestes dias os doces típicos desta quadra festiva. 

Fofas do Faial 

Variam da receita das Fofas de Forma por serem feitas com uma massa escaldada, tipo massa choux, o recheio mantêm-se o creme de limão. 

A origem desta receita não é conhecida, a forma como são confecionadas faz lembrar a massa choux, criada por Popelini, doceiro vindo de Florença para a corte francesa a convite de Caterina de' Medice , quando em 1533 se casou com Henrique II da França. 

A ilha do Faial desde o seu povoamento tem sido fortemente influenciada por diversas culturas. Vejamos, em 1465 quando Joss van Hurtere desembarca na Praia do Almoxarife trás consigo 15 flamengos, que permaneceram na ilha cerca de um ano. Em 1467, quando regressaram a ilha do Faial para efetivamente povoarem a mesma, vieram homens e mulheres de todas as condições e também padres e degredados. Com o casamento com D. Beatriz de Macedo em 1468, Joss van Hurtere é nomeado Capitão Donatário do Faial. Por volta de 1470, desembarca Willelm van der Hagen, que adotou o nome de Guilherme da Silveira, liderando assim a segunda vaga de povoadores.  

Sendo a baía da Horta, conhecido porto de abrigo, muitas outras culturas deixaram aqui a sua marca desde os Descobrimentos, os primeiros aviões americanos a cruzarem o Atlântico, a época dos cabos submarinos onde se instalaram na nossa cidade Americanos, Franceses e Alemães e até aos dias de hoje em que a nossa marina continua a ser o ponto de entrada de muitas pessoas que fazem do mar a sua vida. Poderão ter sido alguns destes povoadores a conceber uma iguaria tão típica da nossa ilha e com base numa receita da corte francesa. 


Ingredientes para as fofas: 

500 grs de farinha sem fermento 

1 l de água 

1 colher (de sopa) de manteiga 

10 ovos 

1 limão (só a casca) 

1 pitada de sal 

1 colher (de chá) de fermento 

 

Modo de preparação: 

Num tacho, colocar a água, a casca de limão, a manteiga e o sal. Levar ao lume e deixar levantar fervura, acrescentar a farinha peneirada. Mexer a massa até obter uma bola e esta ficar solta do tacho. 

Após a massa arrefecer, colocar num recipiente e adicionar um ovo de cada vez, batendo entre cada adição, até à massa absorver cada ovo.  

Dispor num tabuleiro untado e enfarinhado, pequenos montes, na medida de uma colher (de sopa). Levar ao forno a 220ºC para crescerem rápido, ter atenção para não queimar. 

 

Ingredientes para o recheio: 

1 l de leite 

2 chávenas de açúcar 

4 colheres (de sopa) de amido de milho 

2 colheres (de sopa) de manteiga 

5 gemas 

raspa de 1 limão 

 

Modo de preparação: 

Para o recheio, colocar num tacho todos os ingredientes, levar ao lume mexendo sempre até engrossar. Com um saco de pasteleiro rechear as fofas por uma pequena abertura feita com uma faca ou tesoura. 

 

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